A hipertensão arterial é uma das doenças crônicas mais prevalentes em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de um bilhão de pessoas sofram de hipertensão.
No Brasil, a hipertensão é também um problema grave de saúde pública. De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que 388 pessoas morram de hipertensão diariamente, demonstrado a sua grande importância para a saúde da população.
A hipertensão é uma doença crônica que, se não tratada adequadamente, pode levar a complicações graves, como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e até mesmo a morte. Além disso, a hipertensão é um fator de risco para outras doenças, como diabetes, obesidade e dislipidemias.
Diversos estudos vendo sendo realizados globalmente visando aprofundar o conhecimento acerca das suas causas, formas de prevenção e como controlar a doença de forma mais eficiente. Nesse sentido, um recente estudo científico descobriu uma forte correlação entre a hipertensão e padrões irregulares de sono [1].
Dormir mal a noite influência diversas funções do organismo
Já é consenso que ter períodos de sono regulares são fundamentais para a manutenção da saúde do organismo. Dormir pouco, ou não dormir durante a noite, pode impactar na motivação e concentração para a realização de tarefas do cotidiano, provocar irritabilidade e transtornos do humor e até contribuir para o desenvolvimento de desordens mentais, como a ansiedade e depressão [2].
Em nosso conteúdo anterior, explicamos como o sono pode impactar no controle glicêmico, principalmente em pacientes pré-diabéticos ou diagnosticados com diabetes do tipo 2. Segundo o estudo, dormir pouco ou dormir demais, prejudica o controle glicêmico nesses pacientes [2].
Além disso, outras pesquisas evidenciaram que, quando comparado com pessoas que dormem 8 horas por dia, quem dorme pouco (menos de 6 horas) tem maior risco de desenvolvimento de hipertensão (36 a 66%), doenças cardiovasculares (24%) e obesidade (45%) [2-6].
Dormir demais também parece prejudicar (acima de 9 horas por dia), com maior risco para o desenvolvimento de acidente vascular cerebral, hipertensão e diabetes do tipo 2, de acordo com pesquisas científicas [3-8].
Estudo avaliou amplamente o efeito do sono irregular na pressão arterial
Em recente estudo, pesquisadores descobriram que as chances de um indivíduo ter um aumento da pressão arterial crescem exponencialmente a cada hora de sono que ele perde ou muda na rotina noturna regular, principalmente em homens de meia-idade com excesso de peso [1].
O estudo foi conduzido utilizando uma amostra global que cobriu o equivalente a 2 milhões de noites de sono, medidas de mais de 12 mil adultos (88% homens com sobrepeso) nas suas próprias casas usando tecnologia de monitoramento de sensor portátil sob o colchão durante 9 meses [1].
Análises foram realizadas para investigar associações entre irregularidade do sono e hipertensão, definida como pressão arterial sistólica mediana igual ou acima de 140 mm Hg, ou pressão arterial diastólica mediana igual ou acima de 90 mm Hg. O objetivo da pesquisa foi avaliar as possíveis associações entre irregularidade na duração do sono com a hipertensão em uma grande amostra global ao longo de vários meses [1].
A quantidade e a regularidade do sono influenciam no estado hipertensivo
Dentre os principais resultados, o grupo de pesquisadores encontrou uma forte correlação entre hipertensão e a duração e tempos irregulares de sono. De acordo com os achados, variações regulares na hora de dormir em mais de 30 minutos foram associadas a um aumento de até 32% no risco de hipertensão, assim como a variação na hora de acordar também foi um fator predisponente ao risco hipertensivo [1].
Dormir e acordar de maneira irregular podem levar a mais interrupções e trazer ainda mais variações nos padrões de sono, principalmente pelas influências circadianas (ambiente claro e escuro). Ou seja, por mais que a pessoa durma a quantidade necessária (em torno de 8 horas diárias), a falta de regularidade na hora de dormir ou acordar também é prejudicial quando comparado a pessoas que dormem muito pouco [1].
O estudo ainda corroborou os achados de trabalhos anteriores, que dormir menos que 6 horas diárias ou sono excessivo (mais de 9 horas) também estão associados ao aumento de pressão arterial [1,4].
Em conjunto, estes resultados ressaltam como as irregularidades na duração, momento de início do sono e do despertar podem impactar no risco de problemas cardiovasculares. Novas pesquisas podem expandir ainda mais o conhecimento acerca da influência dos padrões de sono em uma ampla variedade de doenças cardiovasculares.
Portanto, cultivar bons hábitos de sono pode ser imprescindível não somente para a sua saúde mental, mas também para a saúde do seu coração.